"Animais são criaturas, não propriedade humana, nem utensílios, nem recursos ou bens, mas sim preciosos seres na visão de Deus...
Rev. Andrew Linzey

29 de setembro de 2010

SÉRIE:CACHORROS QUE FIZERAM HISTÓRIA!!!

O CÃO PASTOR DA SÉRIE VIGILANTE RODOVIÁRIO ..."LOBO" ... ESSE  ESSE  CACHORRO FEZ HISTÓRIA!!!!
 Vamos continuar nossa série de postagens sobre os cachorros que fizeram história,começamos com a linda história real de Hachiko um Akita que viveu entre 1923 e 1935 no Japão e fez história...tanto que ainda hoje contam sua história de fidelidade a amor incondicional por seu dono e até virou filme.
Hoje vamos falar de um cachorro da raça Pastor Alemão que que nasceu no Brasil e foi personagem de um seriado que minha mãe adorava quando criança.
Segundo minha mãe o seriado era assistido por crianças e adultos e contava a história de um Vigilante Rodoviário e seu fiel companheiro de trabalho:o pastor Alemão Lobo. Conta minha mãe que naquela época cachorros de raça não eram populares,só as pessoas consideradas"bem de vida"(classe média ou ricos)tinham cachorros de raça,os pobres se contentavam com o bom e simpático "vira-latas".
O sonho de muitas crianças era um cachorro de raça e na época o Pastor Alemão estava em alta.
Minha mãe sonhou em ter um pastor alemão e só conseguiu realizar este sonho depois de adulta...mas acho que na realidade ela sonhou em ter um canil,pois amava o Collie,o Setter Irlândes,o basset(cofap),o pequinês...etc.
Bom já perceberam porque eu também amo muiiiito cachorros! 
Voltando ao nosso cachorro de hoje,achei na net um depoimento do filho do verdadeiro dono do cachorro Lobo que na realidade se chamava king.
Minha mãe conheceu pessoalmente o Carlos Miranda,foi vizinha do seu Sérgio que era irmão dele mas o lobo já havia morrido nesta época...mas vamos a história:




 De King à Lobo

 Memórias sobre Lobo e O Vigilante Rodoviário por Luiz Celso Afonso .

Você já deve ter visto aqueles testes de brincadeira sobre marcas e programas antigos, revelando o DNA de uma pessoa (se você não sabe, “em tempo”, DNA na brincadeira quer dizer: “Data de Nascimento Avançada”). 

Pois é, o primeiro seriado inteiramente produzido no Brasil, O Vigilante Rodoviário, está entre esses itens que, no mínimo, muita gente ouviu falar. 
Mas o objetivo dessas memórias é relatar fatos sobre Lobo, que foi co-protagonista desse pioneiro seriado, e que teve também um importante papel na minha infância. Lobo nasceu em abril de 1955 dentro do Parque Estoril em São Bernardo do Campo - S. P.
Para ler a história toda "clic" em mais informações...na linha debaixo...boa leitura:


Na época, um tio (irmão de minha mãe) estava fazendo serviços de pintura na casa de um casal de alemães que morava no Parque Estoril e quando meu tio terminou os trabalhos, o proprietário da casa lhe ofereceu um filhote de pastor alemão mestiço, de uma ninhada que havia nascido há poucos dias. 
Meu tio aceitou e levou o filhote para sua casa, nesse tempo, nossas famílias (a minha e a do meu tio) moravam em casas que tinham um mesmo quintal.
Quando meu pai, (Luiz Afonso) viu o cachorro pediu ao meu tio que lhe desse o filhote, considerando que, naquela época, minha família estava de mudança para uma outra casa no mesmo bairro (Vila Maria – São Paulo), a qual me traz grandes recordações; entre elas, as dos bilhetes que a minha mãe escrevia e mandava o Lobo entregar para o açougueiro, indicando o tipo e quantidade de carne que ela desejava e solicitando que o valor fosse anotado na sua caderneta; e assim, Lobo voltava para casa trazendo a carne que minha mãe havia pedido.
Minha família mudou-se então para uma casa grande e com um grande quintal nos fundos, ali meu pai criava improvisos para adestrar o Lobo. 
Meu pai gostava muito de cachorros, inclusive ele adestrou muitos outros que eram levados pelos seus donos com essa finalidade. 
Lobo sempre ficou solto e, ele é quem tomava conta dos outros cães.
Meu pai era soldado da extinta Força Pública e em muitas vezes Lobo o acompanhava em suas rondas policiais e a lugares diversos (até mesmo para assistir jogos de futebol). 
Tá bom, eu explico! 
No final da rua de onde morávamos, havia um clube chamado Clube Portuguesinha da Vila Maria que tinha um time de futebol, onde meu pai sempre assistia seus jogos nos finais de semana. 
Existia uma grande valeta em uma das laterais do campo que era de difícil acesso para os jogadores buscarem a bola quando ela lá caía.
E quem ia buscar a bola?
Isso mesmo! Lobo era o “gandula” do time (e não lhe pagavam salário).
Lobo era muito inteligente e assimilava rápidamente tudo que meu pai lhe ensinava. Ele tinha uma força incrível.
Na década de 60, as garrafas de cerveja eram acondicionadas em caixotes de madeira, e certa vez, meu pai adaptou as rodinhas de um carrinho-de-feira a um desses caixotes, transformando-o em uma carrocinha, que com um inofensivo tipo de arreio, Lobo a puxava carregando eu e minha irmã (Luci) numa divertida brincadeira.
Lobo ajudou meu pai em diversas situações perigosas de lutas e capturas de bandidos, muito antes de se tornar um herói no seriado O Vigilante Rodoviário. Aconteceu um fato, que quando eu soube, me emocionou muito. 
Certo dia, quando eu ainda estava para nascer, minha mãe grávida de 7 meses, estava derretendo cera com parafina no fogão e acidentalmente iniciou-se um incêndio na casa. 
Minha mãe ficou desesperada e mandou o Lobo pedir ajuda, ele saiu correndo até a casa de minha tia (irmã do meu pai) que ficava à 1 Km de distância da minha casa. 
Já na casa da minha tia, Lobo puxava a saia dela dando a entender que havia algo de errado, ela então o seguiu até minha casa. 
Nesta hora, minha mãe já havia sido socorrida e levada para um hospital, e acabei nascendo aos 7 meses de gestação.
Frequentemente, nas manhãs de Domingo, meu pai juntamente com o Lobo iam a um pequeno bar onde se aglomeravam muitos conhecidos, os quais testavam o ciúme do Lobo fingindo agredir meu pai, se meu pai não ordenasse ao Lobo para não atacá-los, coitados . . . 
O Seriado
 Lobo já era conhecido no quartel da Força Pública quando, aos 5 anos de idade, o descobriram para participar do seriado Vigilante Rodoviário, daí, juntamente com o ator Carlos Miranda, por quem Lobo também teve grande afinidade, iniciaram-se as gravações dos 38 episódios.
O Inspetor Carlos e Lobo se tornaram verdadeiros heróis nacionais e alcançaram a incrível marca de 78% de audiência em São Paulo e Rio de Janeiro e 100% no Norte e Nordeste do país (recorde até hoje da televisão brasileira).
Antes de participar do seriado, Lobo era chamado por King, nome dado a ele pelo meu pai desde que era filhote, mas o seu nome foi trocado porque não poderia ter nome estrangeiro no seriado.
O Vigilante Rodoviário tinha o patrocínio da Nestlé do Brasil com exclusividade no final de 1960; a qual fazia suas chamadas logo depois do telejornal Repórter Esso, sendo seguido pelo seriado às 20hs na extinta TV Tupi. 
Lobo despertou outros interesses no mercado publicitário nacional, quando por exemplo, inspirou a marca da empresa industrial Móveis Fiel.
Nas primeiras filmagens, usava-se uma Harley Davidson de 1952 até acontecer uma pequena queimadura na cauda de Lobo ao subir na moto. 
Desde então Lobo recusou-se a subir na moto novamente, fazendo com que os episódios seguintes fossem filmados usando-se um Simca Chambord ano 1959, onde Lobo tinha seu próprio lugar no banco dianteiro ao lado do Inspetor Carlos.
Naquela época, meu pai era dispensado de suas rondas e acompanhava Lobo em todas as filmagens coordenando suas atuações nas diversas cenas, as quais ele fazia sem dublê algum.
Enquanto que o seriado americano Rin-Tin-Tin possuía 18 cães com o mesmo biotipo para fazer cenas mais ou menos perigosas, ou que exigiam outras habilidades. Policiais amigos de meu pai pediam autorização para darem uma voltinha com o Lobo pela cidade e existia um comentário entre a população local de Suzano que depois que o Lobo foi morar lá, os bandidos haviam sumido. 
Sei lá.
Moramos por pouco tempo em Suzano e voltamos para Vila Maria em São Paulo, somente retornando definitivamente para Suzano depois que o Lobo faleceu. 
Lembro-me que o Lobo atendia pelos seus dois nomes, era um cachorro extraordinário, além de astro de cinema, também foi artista de rua onde fazia exibições para crianças em parques de diversões e em muitos outros eventos. 
Muitos colegas da época nos perguntavam muitas coisas sobre o Lobo e tínhamos muito prazer em falar tudo sobre aquele admirável cão.
Outro fato interessante com o Lobo aconteceu na praça principal de Suzano, meu pai estava com a viatura parada e perto dali, um ladrão tentou roubar a bolsa de uma senhora, Lobo percebeu o acontecido e saiu em perseguição ao bandido, o qual ele cercou até a chegada de meu pai.
Foi um fato marcante na cidade por muitos anos.
Quanto à sua vida sexual, Lobo era o grande garanhão do pedaço, meu pai contou-me que após as gravações em um cinema chamado Cine Glória, ele foi procurar o Lobo que havia sumido.
Quando o encontrou, Lobo estava em pleno “momento íntimo” com uma cadela do zelador do cinema.
Mas deixando esses casos um pouco de lado, meu pai era muito procurado pelos donos de cadelas da raça Pastor alemão pedindo para que ele permitisse que o Lobo se acasalasse com elas. 
O Cinema Na década de 60, somente 40% das casas tinham aparelhos de televisão e havia muitos “tele-vizinhos”. 
Tentando atingir um maior público, O Vigilante Rodoviário chegou às salas de exibição de cinema através de dois filmes com quatro episódios cada. 
Chegou a superar a bilheteria de filmes do Mazzaropi.
A primeira cidade a receber o filme foi Bauru, tanto nesta como em outras cidades, Lobo era recepcionado por prefeitos e pelo governador, entre outras autoridades. Quando encerraram-se as filmagens, Lobo começou a ter problemas de saúde. 
O principal problema foi uma inflamação na tiróide que ocasionou um inchaço muito grande no pescoço.
Lobo sofreu várias cirurgias e nunca mais foi o mesmo.
Ele começou a se entristecer e andar devagar pelos cantos da casa.
Normalmente quando meu pai saia para trabalhar, Lobo o seguia querendo acompanhá-lo, mas muitas vezes meu pai não podia levá-lo, e também percebendo seu estado de saúde o deixava em casa para que ele se recuperasse mais rápido. Todos os amigos, parentes e vizinhos quando souberam da tristeza do Lobo tentaram ajudar de muitas formas; nós fazíamos comidas diferentes e principalmente as que o Lobo mais gostava.
Recebíamos visitas constantemente.
Lembro-me que o enganávamos para que ele tomasse os remédios, nós os colocávamos em doces que ele mais gostava.
Com essa mudança de comportamento, de vez em quando Lobo saia de casa pulando um muro de mais ou menos 4 metros de altura, e ficava andando pelas calçadas próximas do bairro; e isso só acontecia quando meu pai não estava em casa.
Por várias vezes, vizinhos e pessoas que conheciam o Lobo vinham em casa avisar que o tinham visto nas proximidades; então eu e minha irmã, que éramos os filhos mais velhos, íamos buscá-lo.
Suas saídas se tornaram mais constantes pois meu pai não gostava de trancá-lo. Algumas pessoas, mesmo o conhecendo, tinham receio de tentar trazê-lo pra casa. Lobo estava acostumado a andar pela redondeza e diariamente acompanhava eu e minha irmã à escola, voltando para casa sozinho logo depois.
Um dia, Lobo saiu de casa pela manhã logo atrás de meu pai quando ele saiu para o trabalho, e começou demorar para voltar. 
Já estava na hora de irmos pra escola e Lobo não aparecia e começamos a perguntar para as pessoas na rua se o tinham visto; e então fomos procurar meu pai, afim de avisá-lo, e então ele começou também a procurar o Lobo.
A notícia se espalhou pelo bairro e muitas pessoas ajudaram a procurá-lo.
Não encontramos Lobo naquele dia, no dia seguinte, um catador de lixo de rua, que conhecia Lobo bateu palmas em casa falando que tinha visto um cachorro morto e muito parecido com Lobo perto do antigo lixão da Vila Guilherme.
Meu pai foi até o local e infelizmente o reconheceu; era mesmo Lobo.
Nós acreditamos que o Lobo morreu devido ao cansaço e ao sofrimento causado por uma cirurgia pela qual ele passou, já que não tinha ficado boa, e acreditamos também, que Lobo não morreu no lixão da Vila Guilherme e sim em alguma rua, fazendo com que alguém o jogasse lá.
Um final triste, mas com muitas glórias. 
Lobo morreu em 1971, não nos lembramos do dia exato. 
Quem tinha essas lembranças era meu falecido pai, que não gostava de falar sobre o assunto, pois o deixava triste. 
Depois que o Lobo morreu, meu pai resolveu morar na cidade de Suzano, onde já moravam nossos avós, e nunca mais quis ter cachorros e também comentava que nenhum outro cachorro teria o lugar de Lobo e que nós choramos muito com a morte do Lobo.
Após sua morte, muitas pessoas nos procuravam para saber o que realmente havia acontecido e muitas outras, que não o conheciam se apaixonaram por sua história, buscavam informações sobre seus trabalhos realizados.
Meu pai tinha as cópias de todos os seriados, os quais ele exibia nas escolas da região.
Passou-se os anos e os filmes não foram acondicionados adequadamente e foram mofando e se estragando até serem jogados fora. 
Naquela época, não tínhamos noção da importância do seriado e lembro-me que fiquei com uma tesoura cortando as películas dos filmes em quadradinhos para brincadeiras de criança. (que pena!). 
Hoje sabemos o que representa toda essa história. 
Sinto muito orgulho de meu pai, por tudo que ele fez em sua vida; e do Lobo, que marcou muito minha vida pois guardo até hoje muitas lembranças de quando estava vivo. 
Quero deixar meus agradecimentos ao meu filho Leandro Celso Afonso e meus amigos Paulo Melo, Orlando Januzzi Filho, Carlos R. Gomes (Curió) e Carlos Miranda, já que, sempre posso contar com suas colaborações. 
 LUIZ CELSO AFONSO ABRIL / 2002 
Fontes :http://www.januzzi.net/Orlando/TV/ARQUIVOS/arquivos2/Seriados/ARQUIVOS/arquivos2/TITULOS/xmlvigilante/Vigilante20.html

2 comentários:

  1. Li no site oficial do Vigilante Rodoviario outra bonita história sobre o cachorro Lobo do filme.
    Quem escreveu é filho ou filha do diretor criador do filme e conta um lado bacana que nós fãns não conhecemos porque é o dia a dia do Lobo com a famlia.
    Coloquei o link onde voces poderão ler a hist´roia. É só clicar. Vai ai minha dica:
    www.vigilanterodoviario.com/noseolobo.html
    abraço do
    Otavio Farias

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  2. Muito obrigado por sua sugestão entrei no saite e adorei a historia

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